segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Elogio ao Amor

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão alimesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia aspessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passívelde ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia serdesmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amorcego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, sãouma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nascostas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea porsopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amorfechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor éamor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como nãopode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não sepercebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor éa nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amorque se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se podeceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Subscrevo. :)



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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Média Definição

Não gosto de acordar de manhã e que me façam perguntas, que me acendam a luz para me acordar. Não gosto de ir ao frigorífico com um enorme apetite de qualquer coisa e não haver. Não gosto de manteiga no frigorífico. Não gosto de sair de casa e não me sentir confortável. Não gosto de saltos altos (mas uso!). Não gosto de roupa escura no Verão e clara no Inverno. Não gosto de chuva. Não gosto que me estraguem o dia com simples palavras escusadas. Não gosto de me deslocar ao Multibanco, ter pressa e ter de esperar por alguém que está a fazer mil pagamentos. Não gosto mais da noite do que do dia.

Não gosto de estar com muitas pessoas e sentir falta de uma. Não gosto de grandes combinações e programações. Não gosto de bacalhau, de ovas e de ser esquisita com a comida. Não gosto de pessoas que acham que o mundo gira à volta delas. Não gosto de mentira e muito menos de cobardia. Não gosto de cusquice. Não gosto que queiram controlar a minha vida. Não gosto de perguntas às quais não tenho obrigação de responder. Não gosto de ficar com coisas por dizer. Não gosto que me digam que sou fria. Não gosto do Domingo, a seguir vem sempre uma segunda-feira. Não gosto de fazer coisas contrariada. Não gosto de cozinhar. Não gosto de pessoas egoístas e interesseiras. Não gosto que me falem por falar. Não gosto quando alguém finge que não me vê. Não gosto da falta de frontalidade que existe nas pessoas. Não gosto de pessoas pessimistas e “coitadinhas”
Não gosto... do que a maior parte das pessoas diz não gostar mas faz! Não gosto que não confiem em mim. Não gosto quando me tentam enganar com uma coisa tão óbvia. Não gosto... de não gostar!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Click

Fez-se o "click" no meu cérebro. Finalmente.

Não me diz nada. Não me afecta na acção em si. Não mexe comigo a nível sentimental. Mas choca-me.
Podia também já nem chocar, é um facto. Mas quanto a isso ainda há-de levar o seu tempo porque não sou de ferro!

Acho incrível. Por tudo!
Isto chegou a um nível de cobardia por parte das pessoas que fico incrédula. Mais incrédula ainda fico quando fui acusada de tudo (tudo!!!!!) e mais alguma coisa e depois vem-se a ver e é isto...

Por tudo isto e muito mais é que digo e direi, enquanto me lembrar, que fui salva por "um Pepino"!

Estou bem, não posso dizer que não. Não sei como explicar o que sinto dentro de mim sem ser mal interpretada mas a questão aqui e o que acho mesmo "altamente" é as pessoas serem ridiculas e acharem que são as maiores. Serem uma merda e acharem sempre que são muito melhor que os outros.
Pior que isto ainda é o facto de acharem que o mundo gira à volta delas e que todos os acontecimentos, palavras acções é porque elas existem!

Vou-me manter assim. Porque faz parte dos meus principios. Mas um dia nada ficará por dizer!

" Por vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas.
O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los realidade!"



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