sábado, 21 de março de 2020

2019/2020

Bem, nem sei por onde começar...

Não sei se começo por dizer que me casei e fiz a minha viagem de sonho ou se desabafe logo sobre o pesadelo que o país, ou melhor, o mundo, está a viver neste momento.

Talvez escreva como se estivesse a contar esta história a um filho mais tarde... ou simplesmente em forma de desabafo de alguém que viu estes últimos três meses a passarem de uma forma que não tem explicação. E desta vez, nem é pela velocidade a que passou, mas sim pelo que se passou.

A meio de 2019, fizemos planos para casar. Casamos no dia 23 de Janeiro.
Antes deste acontecimento maravilhoso, (tenho tanto para contar sobre isto... desde o facto de casarmos só os dois, até ao momento em que saímos do registo civil e tínhamos uma surpresa planeada pelos nossos amigos (que só souberam uns dias antes), foi sem dúvida um dia memorável), em Dezembro, ouvia-se nas noticias (assim muito de mansinho) que na China tinha surgido um vírus, o Corona Vírus - Covid-19. 

Durante a nossa viagem à Tailândia (no mês de Janeiro e Fevereiro) estivemos atentos às noticias para saber desenvolvimentos sobre o assunto e andamos sempre de máscaras na cara no meio das multidões nos aeroportos e até mesmo nas ruas. 
Na Ásia é comum o uso de máscaras. Não estranham, não olham de lado, é natural e no fundo super consciente. Com esta situação então, os cuidados redobraram. 

Quando regressamos da viagem já se ouvia falar de mais casos de pessoas que tinham o vírus, não só na China mas também noutros países. Começou a ficar preocupante, e  cada vez mais o telejornal era preenchido só com rodapés em que se lia sempre o mesmo: COVID- 19. 
Mas, nós (até podia dizer Portugueses, mas de facto não fomos só nós), temos sempre aquela facilidade inconsciente, em achar que à nossa porta nunca nada vem parar. Mesmo se tratando de uma Pandemia. 

Passando pormenores à frente, porque esses ficam para as pesquisas no Google, o que eu preciso de desabafar e que me parece irreal todos dias é: 
... neste momento, o nosso país está de quarentena - foi declarado estado de emergência para Portugal na quarta-feira passada pelo nosso Presidente da República. Não é só em Portugal, foi declarado o mesmo noutros países. 
Tiveram que ser tomadas medidas drásticas em todo o lado porque este vírus propaga-se facilmente caso haja contacto com alguém infectado e os casos de morte aumentam de dia para dia!
(Os sintomas do vírus são tosse seca, falta de ar, febres altas e vai  afectando o pulmão, o que faz com que, numa fase mais avançada, e dependendo de alguns factores, a pessoa que está infectada precise de ser ventilada.)

Quando surgiram os primeiros casos em Portugal, começamos todos, e por indicações do SNS, por ter atenção nos locais de trabalho e em casa. Desinfectar tudo, passar a lavar as mãos mais vezes que o habitual, ter atenção à distância entre as pessoas, uso de luvas e máscara na ida aos supermercados... 
Nos telejornais não se falava de outra coisa, hoje ainda não se fala de outra coisa...  chega informação de todo o lado, já nem dá para perceber o que é certo, o que é errado. As redes sociais estão minadas e são imensos os apelos às pessoas para que fiquem em casa. Toda a gente tem uma opinião e algo a dizer. Chegam vídeos e gravações de voz do "amigo do amigo do primo do tio do amigo" que é enfermeiro ou médico a relatar a situação em que se encontram os hospitais. Fake News também são o prato do dia... enfim! O Mundo está virado do avesso e isto tudo no espaço de 3 meses. 
É algo que está a assustar-nos muito mas que ao mesmo tempo e de certa forma, está a fazer com que haja união e se crie esperança: que tudo vai ficar bem!

Sinto, ao mesmo tempo que estou a escrever e pela forma resumida que escrevo, que nem parece nada de especial, mas é. É muito preocupante e assustador.
Deixamos de contactar com os mais próximos, passamos a fazer video-chamadas com a família e amigos.
Os profissionais de saúde, não têm mãos a medir e andam exaustos... esgotaram-se máscaras, desinfectantes, álcool etílico... as pessoas começaram numa correria desenfreada aos supermercados... instalou-se o caos. Um caos que talvez, nós, com esta idade só tivéssemos ouvido na aula de História, na escola, quando se falou de guerra. Ou quando os nossos avós ou pais nos contavam como tinha sido na altura deles e as dificuldades que passaram. Isto está a ser uma guerra.

Tudo isto que se está a passar, um dia, também vai ser estudado, tenho a certeza. 

Todos os dias quando acordo de manhã o meu primeiro pensamento é: isto é mesmo real?  .. E é!

Isto é um resumo muito resumido de tudo o que se está a passar e que ainda não acabou. Estou só no meu terceiro dia de quarentena. As escolas por exemplo estão fechadas há mais tempo. Há pessoas de quarentena voluntária há mais dias...  

Tenho fé que ao cumprirmos com tudo o que nos pedem, que no fundo é só ficar em casa, que se consiga combater este vírus de merda, mais rápido. Ou que seja mais fácil.

Confesso que durante o tempo que não me foi permitido ficar em casa, por motivos profissionais, perdi a fé nas pessoas. Via todos os dias que estava a ser difícil para elas perceberem que não podiam fazer a vida normal. (Passear no shopping, ir beber café em esplanadas cheias de pessoas...)
Confesso que ao ver os turistas a passear como se nada fosse também me deu muitas vezes vontade de lhes ir abrir o cérebro. 
Confesso que houve dias que entrei em desespero de não querer sair de casa...
Mas não é disto que precisamos. Calma, discernimento, amor e UNIÃO. Creio que é disto que o Mundo precisa. E não é só de agora, é desde sempre!

Vamos conseguir! 
#vaificartudobem

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